Variação
linguística – A língua em movimento
A variação linguística é um interessante aspecto da língua
portuguesa. Pode ser compreendida por meio das influências históricas e
regionais sobre os falares.
A variação linguística é um fenômeno que
acontece com a língua e pode ser compreendida por intermédio das variações
históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua
pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema
fechado e imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português
que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no
Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser
consideráveis e justificadas de acordo com a comunidade na qual se manifesta.
[...]
Bicicleta
Você
sabia que Camões, o maior poeta português de todos os tempos, escrevia frecha
em vez de flecha? Isso porque, na época em que ele escreveu seu maior poema, Os
lusíada, frecha era considerada a forma considerada “correta” pelas pessoas
ricas e cultas, como fror. Mas o povo que era realmente a maior parte da
população portuguesa, falava flecha e flor. Então, quem estava “certo”, o povo
ou os nobres? Mudanças como essa ocorrem de forma tão lenta que muitas vezes
são imperceptíveis durante a vida de uma pessoa. Hoje, mais de 400 anos depois
de Camões, a maior parte da população brasileira fala flecha e flor. Repare que, linguisticamente, o fenômeno que age sobre
essas formas é o mesmo que atua sobre as formas não padrão bicicleta, chicrete, vbrusa,
etc. Quem sabe se daqui a 400 anos estaremos falando assim?
Todas as
formas variante de uma língua são igualmente ricas e expressivas e atendem a
todas as necessidades dos grupos sociais que as utilizam. Apesar disso, existe
ainda muita discriminação de uma língua ou de uma variante. Chamamos essa discriminação
de preconceito linguístico.
O
processo linguístico tem origem em alguns mitos sobre a língua. Os mitos são
explicações que, mesmo aceitas pelas pessoas, não têm fundamento científico.
Por exemplo: há alguns anos (e ainda hoje!) muita gente pensava que a mulher
era menos inteligente que o homem, uma afirmação sem qualquer fundamento
lógico. Existem muitos mitos sobre a nossa língua.
ü O português
é muito difícil.
ü As pessoas
sem instrução falam tudo errado.
ü O correto é
falar assim porque se escreve assim.
ü O português
correto é o de Portugal.
ü Brasileiro
não sabe falar português.
Do ponto de
vista científico, nenhuma dessas afirmações tem sentido. Assim, não há língua
feia ou bonita, fácil ou difícil, inferior ou superior, etc. Por isso, é
importante para nós sabermos nos expressar de acordo com a situação, o contexto
de uso da língua: se estou conversando com meus amigos em uma festa, posso ser
informal, mas, se vou a uma entrevista de emprego, tenho de ficar atento para
me expressar de maneira forma, ou seja, de acordo com a norma culta. É preciso
sempre procurar se adequar à situação: com quem estou falando, onde estou
falando, para quê...
Norma culta (ou norma –
padrão) é a variedade linguística utilizada pelas pessoas pertencentes à classe
social de maior prestígio de uma comunidade e que têm maior escolaridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário