CRIANDO E BRINCANDO

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sábado, 7 de maio de 2016

Variação linguística – A língua em movimento

A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa. Pode ser compreendida por meio das influências históricas e regionais sobre os falares.
A variação linguística é um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendida por intermédio das variações históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema fechado e imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser consideráveis e justificadas de acordo com a comunidade na qual se manifesta. [...]

Bicicleta
                Você sabia que Camões, o maior poeta português de todos os tempos, escrevia frecha em vez de flecha? Isso porque, na época em que ele escreveu seu maior poema, Os lusíada, frecha era considerada a forma considerada “correta” pelas pessoas ricas e cultas, como fror. Mas o povo que era realmente a maior parte da população portuguesa, falava flecha e flor. Então, quem estava “certo”, o povo ou os nobres? Mudanças como essa ocorrem de forma tão lenta que muitas vezes são imperceptíveis durante a vida de uma pessoa. Hoje, mais de 400 anos depois de Camões, a maior parte da população brasileira fala flecha e flor. Repare que, linguisticamente, o fenômeno que age sobre essas formas é o mesmo que atua sobre as formas não padrão bicicleta, chicrete, vbrusa, etc. Quem sabe se daqui a 400 anos estaremos falando assim?
                Todas as formas variante de uma língua são igualmente ricas e expressivas e atendem a todas as necessidades dos grupos sociais que as utilizam. Apesar disso, existe ainda muita discriminação de uma língua ou de uma variante. Chamamos essa discriminação de preconceito linguístico.
                O processo linguístico tem origem em alguns mitos sobre a língua. Os mitos são explicações que, mesmo aceitas pelas pessoas, não têm fundamento científico. Por exemplo: há alguns anos (e ainda hoje!) muita gente pensava que a mulher era menos inteligente que o homem, uma afirmação sem qualquer fundamento lógico. Existem muitos mitos sobre a nossa língua.
ü  O português é muito difícil.
ü  As pessoas sem instrução falam tudo errado.
ü  O correto é falar assim porque se escreve assim.
ü  O português correto é o de Portugal.
ü  Brasileiro não sabe falar português.

Do ponto de vista científico, nenhuma dessas afirmações tem sentido. Assim, não há língua feia ou bonita, fácil ou difícil, inferior ou superior, etc. Por isso, é importante para nós sabermos nos expressar de acordo com a situação, o contexto de uso da língua: se estou conversando com meus amigos em uma festa, posso ser informal, mas, se vou a uma entrevista de emprego, tenho de ficar atento para me expressar de maneira forma, ou seja, de acordo com a norma culta. É preciso sempre procurar se adequar à situação: com quem estou falando, onde estou falando, para quê...
               

Norma culta (ou norma – padrão) é a variedade linguística utilizada pelas pessoas pertencentes à classe social de maior prestígio de uma comunidade e que têm maior escolaridade.

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